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Ex-líderes da JS querem que o PS clarifique política de alianças

por Pedro Ângelo, em 20.04.13

 

 

Três ex-líderes da JS, Pedro Nuno Santos, Duarte Cordeiro e Pedro Alves, defendem que o próximo congresso do PS clarifique a política de alianças, recusam entendimentos com a atual maioria PSD/CDS e querem uma solução à esquerda.


Estas posições foram assumidas pelos três anteriores líderes da Juventude Socialista (JS) Pedro Nuno Santos (2004/2008), Duarte Cordeiro (2008/2010) e Pedro Delgado Alves (2010/2012) em entrevista conjunta à agência Lusa, a uma semana do Congresso do PS.

Pedro Nuno Santos, Duarte Cordeiro e Pedro Alves foram líderes da JS durante os sete anos de liderança partidária de José Sócrates, são amigos e conotados com a ala esquerda dos socialistas.

"O congresso será um momento muito importante para o PS definir matérias que ainda carecem de debate, por exemplo a política de alianças. O PS tem pedido a antecipação das eleições, o PS combate sempre para conseguir maioria absoluta, mas também é importante que clarifique com quem está disponível para governar", sustenta Pedro Nuno Santos, líder do PS/Aveiro.

Na política de alianças, Pedro Nuno Santos diz que nem sequer lhe "passa pela cabeça que o PS possa governar com o PSD e o CDS".

"Por uma razão muito simples: Um Governo de salvação nacional deve retirar o país do buraco em que caiu e isso só se faz contra a direita, contra o PSD e o CDS. Julgo que deveria ser muito claro que o PS não entra em governos com o PSD e CDS", salienta.

O deputado socialista Duarte Cordeiro considera que o PS decidiu "corretamente" apresentar uma moção de censura ao Governo e tem assumido um conjunto de ideias, "mas ainda está longe de apresentar uma solução global do ponto de vista do projeto político".

"Em alguns aspetos o PS tem de fazer mais, envolver mais, gerar mais confiança e isso passa pela necessidade de uma clarificação política, por ter a noção concreta sobre como, com quem e com que projeto se vai apresentar ao país", adverte.

Na perspetiva do ex-diretor da segunda campanha presidencial de Manuel Alegre, a prazo, é possível criar condições para entendimentos à esquerda.

"Se o PS tiver um projeto claro, tendo como objetivos a renegociação dos termos do ajustamento, parar com as políticas recessivas, estabilizar o desemprego, procurar folgas através da renegociação da dívida e de políticas ativas económicas para incentivar o crescimento, se estas políticas forem desenvolvidas, estou absolutamente convencido que não há espaço para o Bloco de Esquerda não suportar politicamente essas propostas. Não sei se o Bloco estará ou não em condições de apoiar um Governo PS, mas se o PS desenvolver este conjunto de propostas tornar-se-á muito difícil ao Bloco não apoiar", advoga.

Pedro Delgado Alves entende como "fundamental a existência de uma alternativa clara e de um discurso claro" no PS.

"Feito o trabalho de definição sobre o rumo para Portugal e para a Europa, a partir do momento em que o PS lidere o debate, depois a questão que se segue, referente às estratégias de aliança - e que é importante que seja colocada sem preconceitos em cima da mesa - deve ficar em aberto face a uma definição clara", defende.

Pedro Alves recusa que se coloque "um anátema na esquerda toda, como se fosse inimputável".

"Infelizmente, até hoje, nunca foi possível fazer o diálogo no plano da construção de um Governo, mas estamos perante uma emergência de tal ordem que a verdadeira responsabilidade do PS e dos outros partidos à nossa esquerda tem de exigir mais do que se construiu até agora. Os fantasmas do passado, os esqueletos nos armários, as histórias de partos difíceis da nossa democracia têm de ficar arrumadas no passado e temos de olhar em frente", afirma.

No espaço político para potenciais convergências, este docente universitário, inclui também setores progressistas sociais-democratas do PSD ou democratas-cristãos do CDS.

"Há sempre espaço para todos poderem colaborar num momento de salvação nacional. Não gosto de ser tremendista, mas o país nunca enfrentou um desafio como o que enfrenta hoje, com uma escalada de dificuldades no plano económico e a descredibilização dos principais agentes políticos", acrescenta.


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publicado às 20:45



20 comentários

De Pedro Delgado Alves a 24.04.2013 às 00:37

Estamos de acordo quanto ao facto de o problema da necessidade de soluções à esquerda estar longe de ser novo, e quanto à abismal irresponsabilidade de quem ajudou a precipitar a queda do governo anterior e, consequentemente, tornou inevitável o resgate (não sendo o PEC IV necessariamente uma garantia de que nos safávamos, era pelo menos uma alternativa varias vezes superior). Contudo, isso não permite concluir que a necessidade de dialogo à esquerda não é hoje maior do que há dois anos: a situação de emergência reforça de facto essa necessidade. E sabendo perfeitamente a dimensão de responsabilidade do PCP e do BE na definição do quadro com o qual temos agora de trabalhar, entendo que nao podemos ficar presos nesse passado e fechar para sempre a porta. Volto, no entanto, a dizer o que já disse por duas vezes: o PCP esta fora da equação e tem de facto uma abordagem de quanto pior melhor, e o BE está preso entre a opção de táctica de nao descolar do PCP e o medo de entrar numa dialogo com o PS que o descaracterize. Sobra muito pouco espaço, bem sei. Mas o PS só tem a ganhar em procurar dialogar com esse reduzido espaço.
E, apesar de mais uma vez concordar quando diz que há quem noutras áreas políticas fora da esquerda também tenha por evidente que o modelo do memorando é o essencial do problema, não retiro dai, porém, neste momento, qualquer possibilidade de encetar um dialogo com vista à mudança, uma vez que estamos a falar de sectores sociais-democratas e democratas cristãos no PSD e no CDS que estão nas franjas dos respectivos partidos. Também aí o bloqueio é significativo.
Onde discordo mais substancialmente é numa implícita subalternização que penso detectar no que escreve, especialmente evidente no plano económico, quanto à actualidade da divisão esquerda-direita. Se é certo que as respostas curtas no plano nacional exigem o tal consenso amplo de que fala, no plano europeu é fundamental assumir a ruptura com a leitura monetarista dominante. Para esse efeito, dificilmente encontramos, mesmo nos sectores críticos à direita, quem tenha disponibilidade para acompanhar esta leitura. Não há exclusivo de boas soluções, como dizia, mas nao podemos continuar subjugados ao monopólio das más...

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Filibuster, subs.

1. Utilização de tácticas de obstrução, tais como o uso prolongado da palavra, por membros de uma assembleia legislativa de forma a impedir a adopção de medidas ou a forçar uma decisão, através de meios que não violam tecnicamente os procedimentos devidos;

Filibuster, noun
1. The use of obstructive tactics, such as prolonged speaking, by a member of a legislative assembly to prevent the adoption of measure or to force a decision, in a way that does not technically contravene the required procedures;

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