por Catarina Marcelino, em 09.05.13
No final das anos 70 as feministas afirmaram uma nova postura perante a sociedade traduzida na frase "o que é pessoal é político". Esta frase que visava trazer a esfera privada para o domínio da responsabilidade política voltou a tornar-se, hoje, muitíssimo atual.
A nossa atitude individual e pessoal face ao governo e às políticas para nos empobrecer não pode ser de depressão e inação, mas sim, de ação, de combate, em ultima instância, de desobediência. O que estes senhores querem é por-nos a pata em cima por via da tristeza e do desalento individual, atingindo desta forma o coletivo.
Pois comigo não contem, não me resigno, a minha atitude individual quotidiana, mesmo com pouquíssimo dinheiro e a ter que abdicar de muita coisa que levou anos a construir na minha vida e no meu bem estar, é declaradamente uma atitude política.
O plano que Passos e Gaspar arquitetaram com o beneplácito de Portas, que tenta disfarçar através de teatralizações desavergonhadas, para enganar o seu pertenço eleitorado, deu mais um passo em frente com requintes refinados de ataque ao estado social, revestidos de mais umas quantas inconstitucionalidades, quer no que diz respeito aos funcionários públicos, que como é sabido não têm direito a subsídio de desemprego, quer no que diz respeito aos pensionistas, havendo pela primeira vez a tentativa descarada de fazer um corte definitivo nas pensões já atribuídas.
Estes ataques precisam da mobilização de todos e todas nós, dos sindicatos que têm aqui um papel determinante, não só na rua mas também e fundamentalmente na mesa das negociações, dos partidos enquanto representantes do povo, garante da constituição e da democracia, mas também dos cidadãos e cidadãs, através dos movimentos sociais ou individualmente, na atitude que assumimos diariamente.
As mega-manifestações inorgânicas têm que produzir resultados como aconteceu no 15 de Setembro quando levou ao recuo do Governo relativamente à TSU. Estes momentos não podem ser apenas um momento de catarse, com ar de funeral e servindo apenas para expressar uma depressão coletiva que serve os intuitos destes facínoras.
Temos que resistir e dizer não todos os dias, tornar o que nos afeta pessoalmente numa questão política.
Desafio todos e todas a esta postura de rebelião!
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