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O ACTO SEGUINTE

por David Areias, em 11.07.13
Improvável, inesperado, imprevisível, inacreditável. Nada descreve com suficiência a política portuguesa nestes dias de Julho de 2013. Ninguém percebe ao certo os eventos que desencadearam esta crise, muito menos o momento em que ela surge.

Não fugindo à norma destes dias, também Cavaco surpreendeu. São tantas as questões como as respostas que resultam da comunicação do dia 10 de Julho. Se percebemos que este Governo perdeu definitivamente a legitimidade de que dispunha, ficamos sem perceber ao certo qual a solução aceitável para que se mantenha em funções. Aqui reside a maior incógnita: até que ponto de intervenção está Cavaco disposto a chegar para evitar eleições antes de Junho de 2014?

Ao tomar esta posição, pode Cavaco estar a assumir algumas das grandes inquietações nacionais: não conseguimos eleger uma alternativa de governo credível num curto espaço de tempo; os líderes que os portugueses parecem desejar para Partido Socialista (António Costa?) e para o Partido Social Democrata (Rui Rio?) muito dificilmente serão apresentados como candidatos pelos seus próprios partidos; não se prevendo maiorias absolutas, o CDS/PP não é de confiança e o Bloco de Esquerda e o PCP não se dispõe a coligações em que não mandem, por menos votos que representem.

Sendo ou não sendo essa a preocupação de Cavaco, o certo é que essas são inquietações que creio partilhadas por uma parte considerável da população e que revelam bem o estado de fragilidade e descrédito em que os grandes partidos se encontram. Ninguém tem ou deve ter medo de eleições, mas todos receamos que delas não consigamos as soluções que desejamos.

Nesta linha questiono-me: o limite de Junho de 2014, enquanto um governo de salvação apoiado pelos partidos que assinaram o Memorando vai segurando o país, não estará pensado também para dar oportunidade aos partidos para se reorganizarem em novas lideranças que possam ser capazes de acordos alargados? Podendo Passos Coelho ter ficado comprometido como líder do seu partido, não será esse o tempo necessário para o PSD (mais dificilmente o PS) encontrar outras soluções? [Para os que nisso acreditam, seria a perfeita vingança sobre o compasso de espera em que Sampaio teria deixado Santana Lopes governar, dando espaço para que uma liderança forte surgisse no PS, a tempo de novas eleições.]

No entanto, se parece certo que Passos Coelho, Portas e Seguro são neste momento inconciliáveis, já ninguém se poderá dizer surpreendido se o acto seguinte for o do reencontro e da concertação.

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publicado às 14:41






Filibuster, subs.

1. Utilização de tácticas de obstrução, tais como o uso prolongado da palavra, por membros de uma assembleia legislativa de forma a impedir a adopção de medidas ou a forçar uma decisão, através de meios que não violam tecnicamente os procedimentos devidos;

Filibuster, noun
1. The use of obstructive tactics, such as prolonged speaking, by a member of a legislative assembly to prevent the adoption of measure or to force a decision, in a way that does not technically contravene the required procedures;

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