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O relatório de 15 de Fevereiro do Eurostat sobre a balança comercial da União Europeia é bem revelador dos verdadeiros desequilíbrios europeus. O Relatório refere que a Zona Euro apresenta um excedente comercial de 81.8 bn euros e que a União Europeia apresenta um deficit comercial de 104.6 bn euros.
Lendo o relatório percebemos que dentro da Zona Euro há diferenças gigantes entre os vários países. A Alemanha, que em 2011 representava cerca de 27,5% da economia e 25% da população da zona euro, apresenta uma estimativa para um excedente comercial de 174.6 mil milhões (bn) de euros. Em segundo lugar, e com uma diferença de 130 bn euros face à Alemanha, surge a Holanda com um excedente de cerca de 46 bn euros. Só no último ano, as exportações alemãs cresceram 44 bn euros enquanto as suas importações apenas cresceram 12 bn euros.
Se pensarmos que a Itália representa cerca de 17% do PIB e 19% da população da zona euro, que a Espanha representa cerca de 11% do PIB e 14% da população da zona euro e que os PIGS (excluindo a Irlanda) representam cerca de 32% do PIB e 37,4% da população da zona euro talvez comecemos a perceber a dimensão dos desequilíbrios existentes.
Como é que é possível, olhando para a dimensão do excedente alemão e percebendo que há condições para os produtos dos Sul entrarem nos seus mercados ou mesmo para poderem investir, tentarem fazer-nos acreditar que o único caminho para a recuperação económica da Europa é por via da austeridade e da desvalorização fiscal nos países do Sul da Europa. Até o FMI reconhece, em alguns dos seus papers, que é fundamental acrescentar soluções que incluam maior procura, melhores condições financeiras para pagar a dívida e uma desvalorização do euro (ver pág. 22). É cada vez mais óbvio que os ajustamentos propostos são experiências pouco fundamentadas e com péssimos resultados.
Muitos dos desequilibrios nos países do Sul devem-se a choques externos derivados de decisões europeias, como a maior abertura ao comércio com a China ou o alargamento aos países de Leste, dando sempre vantagem à Alemanha. É por isso que a UE tem de ter mecanismos de transferência dos países da zona euro com maiores excedentes para com os restantes, seja por via de comércio internacional, de investimento, em vez de empréstimos, ou por via de desvalorização da moeda. Sem eles nunca conseguiremos equilibrar esta zona euro nem seremos justos.
A Europa do Sul já não tem capacidade para suportar estas soluções de austeridade e isso ficou patente nas eleições italianas. Os eleitores italianos quiseram derrotar os candidatos que estavam mais próximos de Merkel, quiseram derrotar Monti e não demonstraram confiar em Bersani. Se a Europa não mudar rapidamente o Governo de Bersani durará muito pouco tempo e Berlusconi, que continuará em oposição a criticar o domínio alemão, ficará cada vez mais forte.
Está na altura da Europa do Sul perceber a sua dimensão, a sua representatividade, demonstrar que é capaz de liderar, acabar com estes programas de ajustamento e reequilibrar a Europa.
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