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Tenho lido de tudo um pouco nos últimos dias para desvalorizar a manifestação de sábado.
Que se tratou de um evento organizado por "neocomunistas" que conseguiram de alguma forma enganar os cidadãos menos atentos a aderir.
Que nunca os números poderiam ter a ordem de grandeza noticiada (uma leitura que o Público reiterou de várias e originais maneiras).
Que a imprensa estrangeira passou ao lado da manifestação.
Que o resultado da manifestação não pode deixar de ser inconsequente por não surgirem enunciadas alternativas à crise, apenas se convidando a troika a ir lixar-se.
Que o modelo de protesto está esgotado, na medida em que já não aderem jovens, antes se tendo tornado num protesto de reformados afectados pelo corte das suas pensões...
Apesar de achar que a evidência do que ocorreu no Sábado passado fala por si, não resisto a deixar quatro ideias
1) Fazer contas de mercearia quanto à dimensão de uma manifestação que, a olhos vistos, foi colossal, é tentar escapar à evidência maior: o descontentamento cresceu e não abdicou de tomar as ruas em protesto e exigir uma mudança de rumo. No entanto, manteve-se pacífico e exemplar na sua conduta. Este povo merecia um respeito diferente.
2) Apesar da diversidade dos manifestantes, de todas as idades e estratos sociais, a mensagem que os unifica é claríssima. Este caminho é insustentável, o País caminha realmente e a passos acelerados para a ruína e o tímido despertar do Governo para esta realidade flagrante é tardio e insuficiente. A Troika, ou pelos menos os responsáveis pelas avaliações regulares, é que continuam ainda a viver numa realidade paralela de previsões e expectativas falhadas e deveriam aperceber-se de que o entoar da Grândola em uníssono a esta escala é o mais relevante indicador de performance da economia a que deveria prestar atenção nesta fase de balanço.
3) O discurso anti-partidos e anti-políticos continua a dominar e a demonstrar que o divórcio entre a sociedade e os responsáveis políticos (todos eles quase por igual) se continua a agravar, com consequências imprevisíveis que podem ir da subida da abstenção, à beppe-grillização ou à ascensão de radicalismos que apelem a quem se encontra em situação de maior desespero. Perante um descontantamento tão evidente, tão uniforme, as palavras de Carlos César sobre a incapacidade do PS se constituir como alternativa e veículo de transformação do descontentamento numa força de mudança (continuando, isso sim, a ser alvo de críticas dos manifestantes) continuam a dever merecer a maior ponderação.
4) Continuo a achar que estes não são tempos como os outros e a manifestação de sábado voltou a reforçar essa convicção. Se o Governo achar que escapou de mais uma e que a manifestação permitiu aliviar pressão para os próximos seis meses estará a enganar-se a si próprio. A paciência está a esgotar-se...
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