por Catarina Marcelino, em 05.03.13
O Dia Europeu da Igualdade Salarial é determinado de acordo com a média da desigualdade salarial existente na União Europeia, traduzindo-se no número de dias extra que as mulheres num ano teriam que trabalhar para atingirem o mesmo salário anual que os homens. Este ano assinalou-se a 28 de Fevereiro na Europa e assina-la-se amanhã 6 de Março em Portugal.
Este ano, a União Europeia, chama a atenção para as implicações do fator crise nesta realidade. Não podemos esquecer que o impacto da crise financeira na igualdade de género é um fenómeno novo que necessita de estudo, porque na grande crise da década de 30 a realidade das mulheres e dos homens no mercado de trabalho era, manifestamente, diferente, não havendo por isso qualquer base de referência na atualidade para uma análise comparada relativamente aos impactos com base no género.
Os números conhecidos indiciam que a crise na Europa tem um impacto pernicioso na diminuição do gap salarial. A diferença dos salários dos homens e das mulheres diminui por via da diminuição do valor da massa salarial masculina, criando assim aproximação negativa.
É inaceitável que um fenómeno, que se pauta pela injustiça e pela forma como a sociedade em geral, e o mercado de trabalho em particular, rotulam os homens e as mulheres, os primeiros como produtores e as segundas como reprodutoras e cuidadoras, tenda a diminuir por via da desvalorização do trabalho e não pela melhoria das condições e pela erradicação de estereótipos.
Diz a União Europeia a propósito desta realidade que “os dados mais recentes revelam uma disparidade salarial média de 16,2%, em 2010, homens e mulheres em toda a União Europeia, o que vem confirmar uma ligeira tendência para a diminuição observada nos últimos anos, contra cerca de 17% ou mais nos anos anteriores."
“A tendência para a diminuição da disparidade salarial pode explicar-se pelo impacto da recessão económica nos diferentes setores, nomeadamente os dominados pelos homens (tais como a construção ou a engenharia civil) que registaram maiores quedas a nível geral dos rendimentos. Por conseguinte, esta diminuição não se deve de um modo generalizado a um aumento dos salários e à melhoria das condições de trabalho das mulheres. Ao mesmo tempo, a percentagem de homens a tempo parcial ou com salários mais baixos aumentou nos últimos anos.”
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