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Dia 2 da paródia:
De facto começo a ficar como Passos Coelho ontem, quando afirmou "que o país não vai deixar de querer ver este filme". Apenas lamento esta vergonha nacional.
Como político que sou, peço desculpa a tod@s @s meus concidadãos por isto tudo. Mas acreditem não são todos iguais. Eu não sou igual a esta gente seja ela de que partido for.
(foto "retirada" aos Ladrões da orquestra do Titanic a actuar durante o naufrágio)
Dia 1 do Pântano Político Português
É assim que vai este país. Triste espetáculo.
Passa hoje mais um dia de celebração da Europa, recordando a visão clara de Robert Schumann quanto ao caminho a trilhar para enterrar fantasmas, promover a prosperidade e garantir a paz. No entanto, celebramos a Europa num mar de incertezas, preocupados com uma falta de visão nas lideranças europeias inversamente proporcional aquela que deu o pontapé de saída para o projecto europeu.
Entre os erros estratégicos e a demora em dar resposta à crise das dívidas, passando pela teimosia em manter um Euro que não assegura a coesão e o crescimento sustentado de toda a Europa, até chegarmos ao desnorte presente em lidar com o contágio, do qual o episódio cipriota foi a mais eloquente manifestação, estamos bem entalados.
Ainda que possa ser difícil construi um consenso europeu diferente, com a rapidez desejável, repondo a centralidade da solidariedade e da coesão na agenda, não é aceitável continuar a olhar para receitas que destroem as economias da periferia, permitem a ascensão de partidos nazis e promovem o regresso à xenofobia e a caricatura mútuas no debate entre Norte e Sul da Europa, numa grotesca adaptação que podia levar o título de A cigarra e a formiga imperialista.
Pessoalmente, sei o que gostaria de ver numa Europa resiliente e combativa, inteligente na resposta à crise e mobilizadora dos seus cidadãos: sucintamente penso que a resposta passa por um reforço da componente federal, pela introdução de mecanismos de mutualização da dívida, por um novo papel para o Banco Central Europeu, por um reforço real do orçamento da União e por uma reforma democrática que torne o debate irreversivelmente político e definitivamente não assente em nacionalismos.
No entanto, mantendo-se o actual caminho do projecto europeu, continuaremos a não resolver o problema dos défices e das dívidas, teremos assegurado o alastrar da recessão a toda a Europa e teremos ainda aumentado o défice democrático e de legitimação da União Europeia.
Precisamente porque acredito convictamente no carácter único da União, mais do que aproveitar o dia para loas sem significado, prefiro aproveitá-lo para denunciar tudo o que ainda falta fazer e tudo o que, mal feito, precisa urgentemente de correcção. Acho que é a forma mais honesta de ser europeísta.
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