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Miguel Esteves Cardoso (MEC) é uma pessoa digna de admiração. Eu admiro-o. E como eu muitas pessoas da minha geração e muitas pessoas de esquerda, também como eu.
Essa admiração surge do facto de ser um escritor brilhante com o seu estilo livre e muito próprio que nos vem deliciando as leituras de alguns anos a esta parte. Tenho lido e ouvido as entrevistas que dem dado a propósito do seu novo livro (que ainda não tive oportunidade de ler) e como sempre têm sido uma aragem no bafiento ar que respiramos nos dias que correm.
Ontem, como muitos, vi com atenção a entrevista que concedeu a Fátima Campos Ferreira na RTP. Das muitas coisas que disse e com as quais concordo, não pude deixar de reparar no grande conflito interior que lhe assome a alma e o espírito.
Assume-se defensor da escola pública gratuita, do serviço nacional de saúde gratuito, do rendimento mínimo garantido (hoje rebatizado de rendimento social de inserção). Em suma assume-se defensor de um estado social forjado pelo grande espírito transformador dos socialistas e trabalhistas do mundo e aqui em Portugal também. Tem razão na sua defesa e fê-lo de forma exemplar. Onde realçou de forma muito particular a importância do Serviço Nacional de Saúde como factor de igualdade entre as pessoas, obviamente marcado pela sua prórpia experiência.
Mas MEC sofre daquilo que se pode apelidar de profunda contradição interior. Contradição entre uma epifania social dos princípios e obras do socialismo democrático (digo assim porque continua-se a confundir social-democracia com PSD) e o facto de ter sido ao longo da vida um conservador assumido. Aqui talvez a contradição hoje já não exista, conforme disse e bem ontem o Sérgio Sousa Pinto em entrevista ao público, hoje os conservadores somos nós os de esquerda. Porque lutamos por conservar aquilo que a direita teima em destruir.
Contradição profunda porque como todos sabemos e MEC não esconde une-o a Paulo Portas uma amizade umbilical que lhe turva a razão. E na tentativa de não se assumir contra aquilo que Paulo Portas diz e faz. Tenta num trilho bem sinuoso manter-se equilibrado num percurso que já nada tem a ver com o projecto político e social da direita populista de Portas. Chegando mesmo a elogiar os políticos (todos eles) responsáveis pela Escola Pública, pelo SNS, pelo Estado Social, como se todos o tivesses construído. Mas tal não aconteceu. Essa conquista não é, infelizmente de todos.
O elogio que MEC faz aos políticos que construiram o "estado social" que ele defende e preconiza foi feito contra muitos outros políticos. Foi feito contra a vontade de uma direita que não percebe a importância de uma sociedade mais igual e justa. Foi feita contra aqueles que hoje estão a tentar destruí-la e onde o seu querido amigo Paulo Portas se inclui, mesmo que MEC não o consiga ver.
Não deve ser fácil estar na pele de MEC com essa angústia interior em que deve viver.
MEC sabe o que é correcto, sabe o que é certo, mas MEC não consegue assumi-lo
, porque não quer beliscar a amizade que o une a Paulo Portas. No entanto, MEC tem a obrigação de ser mais claro publicamente para que não se baralhe mais a cabeça dos portugueses e para afastar a opinião que todos fazem o mesmo, defendem o mesmo e são todos iguais na política.
PS - Uma nota final para dar os parabéns ao filibusteiro Pedro Ângelo pelas suas (algumas) primaveras, que hoje celebra.
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