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Na política portuguesa, os "actores" sempre tiveram a mania de enjeitar as suas responsabilidades. Nunca há culpa de ninguém. Quando a há é sempre de outros. Normalmente é sempre de quem nos antecedeu, desde que sejam de outro partido.
Vem isto a propósito da notícia divulgada há pouco pelo público com o título sugestivo de "GASPAR: PORTUGAL NEGOCIOU MAL O PRIMEIRO MEMORANDO COM A TROIKA".
É sempre muito chato fazer o exercício de memória. Mas lá vai ter que ser novamente. Felizmente a internet hoje é uma preciosa ajuda.
Relembrando então o enviado especial da Alemanha para Portugal, em Maio de 2011, mais concretamente a 9 de Maio de 2011, na apresentação do seu programa eleitoral, disse Pedro Passos Coelho (então candidato e hoje Primeiro-Ministro):
"Este programa está muito além do memorando da Troika".
Disse mesmo mais:
Mais tarde a 6 de Junho de 2011 (fará daqui a uns dias 2 anos precisos) em entrevista à agência reuters foi noticiado um pouco por todo o lado a firme convicção do nem mais tempo, nem mais dinheiro e que o Governo iria para além do memorando, conforme poderemos ver nos link em baixo:
http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1871701
Agora 2 anos depois. Depois de falhar todas as previsões e projecções. Depois de terem custado milhares de empresas e empregos. Depois de terem asfixiado o país, a culpa afinal é do primeiro memorando, que sofreu 7 alterações. todas da exclusiva responsabilidade do Governo.
Foi-nos sempre dito que tudo corria bem, que o "ajustamento" estava a ir que nem uma maravilha. No entanto e tendo-se tornado à vista de todos aquilo que é evidente há muito, que nada está a correr bem. Agora a culpa é do primeiro memorando, o tal que era insuficiente na óptica de Coelho & Gaspar.
Admitamos que sim, que a culpa é do primeiro memorando. Então porque é que teimaram em ir para além dele e terem exigido aos portugueses muitos mais sacrifícios que os que estavam previstos inicialmente. Quando a política não é a correcta, muda-se a política não se agrava.
Esta manhã o Ministro das Finanças apresentou os resultados da 7ª avaliação da troika. Uma vez mais, e sem sermos surpreendidos, todas as previsões dos indicadores económicos redundaram num colossal falhanço.
Afinal, o défice das contas do Estado de 2012 queda-se, no mínimo, nos 6 % p.p. do PIB. Isto é per se suficientemente grave para serem extraídas daqui consequências políticas, encerrando a impunidade das erráticas previsões de Gaspar.
Ora vejamos, aquilo que estava inscrito no relatório do OE para 2012:
(…) Chegamos assim à hora da verdade sendo necessário tomar medidas de fundo que assegurem uma consolidação sustentada das finanças públicas (…).
(…) Em 2012 a recessão da economia será mais profunda do que o previsto no Documento de Estratégia Orçamental, prevendo-se agora uma queda do PIB de 2.8% depois de 1.9% em 2011 (…).
(…) O Orçamento do Estado para 2012 é extremamente exigente. As medidas do orçamento são consistentes com um cenário macroeconómico prudente que tem em conta os próprios efeitos das medidas e a degradação das perspectivas económicas internacionais no período mais recente (…).
(…) O défice orçamental irá ser reduzido de 5,9 por cento do PIB em 2011 para 4.5 por cento em 2012, em linha com os objectivos do programa.
(…) Neste período prevê-se que a taxa de desemprego aumente de 12.5 por cento em 2011 para 13.4 por cento em 2012. De acordo com as previsões do Ministério das Finanças o nível de actividade económica irá recuperar em 2013 e a taxa de desemprego irá decrescer (…).
Fim de citação.
Atente-se agora às evidências dos provisórios números de 2012 (ainda não fechados e com tendência a piorar):
O Produto Interno bruto (PIB) recuou 3,2%.
O Défice das contas do Estado atingirá os 6%, podendo mesmo chegar aos 6,6%.
A Taxa de Desemprego deverá, pelo menos, ficar nos 15,7%.
Vou, para já, abster-me de comentar as previsões para o corrente ano, com uma auspiciosa previsão de recessão cifrada em 2,3% (ainda há uma mês era de 2%) e uma taxa de desemprego em 18,2%. Se é que merecem comentários, a avaliar pelo crédito das mesmas.
Nem o meu estimado Zandinga faria melhor...
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Facto é que o DUA é omisso no respeitante ao teor ...
Face aos novos dados sobre a real poluição emitida...
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Agradeço a sua resposta. Não posso no entanto deix...
Dou de barato a demagogia de fazer a comparação en...