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Em si mesma, a existência de um acordo sobre o programa nuclear iraniano já deve merecer uma leitura positiva. Pelo que permite reduzir em tensão numa região já tensa em excesso, particularmente devido à Síria, e pelo que pode representar enquanto sinal da convicção relativamente moderada da nova liderança iraniana.
No entanto, isso não responde a outra pergunta fundamental: o acordo é bom? A uma primeira leitura, tudo indica que sim, que é pelo menos razoável:
- O Irão não pode fazer enriquecimento de urânio para lá dos 5%, limitando o seu programa a fins civis;
- O Irão não pode expandir as centrais existentes, nem construir novas centrais;
- O Irão estará submetido a uma fiscalização "sem precedentes", ficando garantido acesso a todas as instalações nucleares, a todo o momento.
O acordo resolverá todos os problemas? Veremos, na medida em que tudo depende da sua concretização no que respeita à fiscalização. Não sendo totalmente claro qual o estado real de desenvolvimento do programa nuclear (ou havendo pelo menos suspeitas de que pode haver mais qualquer coisita), não é também claro qual seria a janela de tempo necessária para o Irão poder enveredar com sucesso por uma opção de construir uma bomba. Israel, por exemplo, já fez saber que não está impressionado com as garantias obtidas e que mantém todas as opções em cima da mesa.
A duração de seis meses para o acordo parece visar desempenhar o papel de fonte de pressão adicional para garantir a entrada das inspeções sem restrições. No entanto, o fim das sanções é bem capaz de ser o argumento mais forte para o cumprimento. E se a nova liderança iraniana estiver mesmo interessada em implementá-lo, sabendo que conta com oposição dos setores mais conservadores do regime, tem aí um grande argumento para apresentar internamente face aos seus críticos, e que poderá dar-lhe a validação popular que, não sendo decisiva, ajuda a fazer a diferença.
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