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Itália, de novo (des)animação

por Pedro Delgado Alves, em 26.11.13

 

Os fiéis do berlusconismo sobrevivem. A ressuscitada Forza Italia anunciou que vai deixar de suportar parlamentarmente o Governo de Enrico Letta. Apesar de o Governo não estar em risco, juntar ao imobilismo populista das 5 estrelas de Beppe Grillo ao desespero pela sobrevivência de Il Cavaliere, não é grande sinal de estabilidade futura...

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publicado às 18:40

è morto

por Pedro Vaz, em 06.05.13
Morreu Andreotti. Político Controverso, que provavelmente personifica a imagem que temos da política italiana cheia de ligações perigosas, mas uma figura marcante da política contemporânea em Itália.

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publicado às 18:40

Lições italianas - III

por Pedro Delgado Alves, em 24.04.13
          

Depois do meltdown do Partido Democrático italiano que conduziu à demissão de Bersani e à reeleição de Napolitano (no meio do caos, uma solução de alguma estabilidade, melhor do que as alternativas, mas que evidencia a impossibilidade total do sistema político italiano em se renovar), a dimensão do perigo e da irresponsabilidade do populismo de Beppe Grillo tornou-se mais evidente, na recusa da legitimidade da reeleição, nas alusões a um golpe de Estado e no apelo à necessidade de uma nova marcha sobre Roma (ciente do impacto simbólico das palavras que usou).

 

Hoje de manhã, surge a indigitação de Enrico Letta, n.º 2 do Partido Democrático, para formar governo, no que poderá ser um tripartido PD, Berlusconi e Monti, numa lógica de grande coligção para superar as crises. No entanto, parece-ne que o cheiro a eleições para breve não saiu do ar, num momento em que surge Berlusconi a liderar sondagens, o PD a cair e Grillo a sobreviver e a progredir. 

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publicado às 14:49

Lições italianas - II

por Pedro Delgado Alves, em 27.02.13

Para além do caos final que resulta de um parlamento dividido e sem matemática coligatória, todo o rasto da campanha é francamente desolador, com destaque para o discurso e para o modelo eleitoral que ajudou a agravar o desfecho.

 

Quanto ao discurso, não poucas vezes resvalou para a agitação de fantasmas anti-europeus (começando por Beppe Grillo, que defende a saída da Itália do Euro) e anti-germânicos (trazendo-nos à memória o Berlusconi acossado em Estrasburgo a chamar guarda de campo de concentração a Martin Schulz). Mais do que abrir caminho para inovação, entricheirou as lideranças em buracos dos quais dificilmente podem sair para construir um governo minimamente aceitável.

 

Quanto ao processo eleitoral, tornando o cozinhado ainda mais explosivo, a experimentação eleitoral que procura inventar sistemas que produzam estabilidade acabou por oferecer um bónus à ingovernabilidade. Eis o resultado de procurar mexer no sistema eleitoral para resolver problemas que não foram causados pelo sistema eleitoral, nem se resolvem com artifícios esquemáticose de mais do que duvidosa democraticidade. As doenças dos sistemas políticos em quebra de credibilidade não são as formas de eleger os titulares de cargos políticos, mas sim a falta de soluções, de credibilidade ou renovação desses mesmos titulares.  

 

Num contexto de quase caos político, de cavalgada de populismos antigos e novos, de crise financeira em potencial regresso, a Itália pode, pelo menos, apresentar uma vantagem em relação aos nossos póprios problemas (alguns mais graves, outros menos, sublinhe-se). Tem pelo menos um Presidente da República digno desse nome, inteligente e com capacidade de distinguir o acessório do essencial, e que provavelmente representa uma das poucas garantias de uma saída menos má nos seus últimos meses como Chefe de Estado, apesar dos muitos constrangimentos que o seu fim de mandato lhe colocam. Um Presidente num sistema parlamentar que bem podia inspirar lusos semipresidencialismos.

 

Só nos resta mesmo desejar Buona fortunasignore Napolitano!

 

 

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publicado às 00:41

Lições italianas - I

por Pedro Delgado Alves, em 27.02.13
Os Italianos foram às urnas e a Europa regressou aos solavancos à montanha-russa financeira. Entre ilustrar o post com os homens do momento ou um gráfico com as desventuras da moeda única, hesitei entre qual traduziria melhor o espírito dos dias que correm. Duma Itália que entrou em meltdown político cujo desfecho ninguém se atreve a prever, retiremos pelo menos, se não lições, pelo menos algumas reflexões que podem ser úteis cá no burgo.  
O grande derrotado da noite, Bersani não consegue ser o messias do Partido Democrático. A reflexão sobre o futuro político deve ser aqui a mais urgente e dura. Combinando duas décadas de evolução, realinhamento, reorganização e reinvenção da esquerda italiana, empurrando-a para o centro, tornando-a menos ideológica para a tornar mais elegível, o resultado foi uma vantagem de 0,4 por cento sobre Berlusconi numas eleições em que o eleitorado estava sedento de quem lhe rejeitasse a austeridade e se constituisse como alternativa séria. E se o Partido Democrático foi capaz de perceber a oportunidade que tinha pela frente quando se abriu ao exterior com as primárias que escolheram Bersani, falhou a chamada, não sendo capaz de interpretar os anseios dos cidadãos e aquilo que o seu próprio posicionamento ideológico lhe exigiram, quando teve de explicar ao que vinha. Tendo em que conta que muitos dos eleitores de Beppe Grillo se consideram de esquerda, mais evidente se torna o desafio e o drama para Bersani.
Do outro lado, por muito que estivesse várias vezes anunciada a sua morte, o populismo camaleónico de Berlusconi - hoje anti-austeritário, amanhã o que for necessário - não só não desaparece como se reinventa, sobrevive às evidentes fragilidades de credibilidade e honorabilidade do seu chefe e continua a mobilizar quase um terço do eleitorado. Sem vergonha e sem ideias que não o regresso ao poder, Il Cavaliere personifica o pior que a Itália neste momento oferece de retrato de um sistema exausto, sem ser sequer necessário puxar pela crítica fácil e moraleira ao bunga-bunga. Antes fosse esse o único mal de Berlusconi...
O único vencedor, Beppe Grillo, conquistando um quarto do eleitorado, deixa antever a principal necessidade de reflexão que de Itália se retira para toda a Europa. Quando os actores políticos se fecham sobre si mesmos e se absorvem no seu mundo impermeável ao sofrimento das pessoas, quando não conseguem afastar a percepção de que se vêem como uma casta e não oferecem soluções dignas, estão a formular um convite à grillização do sistema, ao aproveitamento das incertezas para o populismo anti-sistema, que não tem rosto de esquerda, nem de direita e namora todos os descontentes. É um caminho que pode mesmo, em casos extremos, tornar-se inimigo da subsistência de uma democracia de qualidade. Estaremos tão imunes a uma evolução destas como pensamos? 
E, finalmente, o prestígio internacional de Monti, mais do que uma mais-valia representou o carimbo que motivou a sua rejeição pelos eleitores. As desastradas tentativas externas de o vender como o garante da estabilidade, em que uma entrevista do Ministro das Finanças alemão a um periódico italiano foi a eloquente ilustração do desastre comunicativo patente nesta estratégia prestigiadora, contribuiram sim para confirmar que continuaria a ser o rosto da austeridade. Com estes amigos, nem foi preciso puxar pela conexão Goldman Sachs, o sr. Schäuble tratou de tudo com meia dúzia de elogios...
 

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publicado às 00:05





Filibuster, subs.

1. Utilização de tácticas de obstrução, tais como o uso prolongado da palavra, por membros de uma assembleia legislativa de forma a impedir a adopção de medidas ou a forçar uma decisão, através de meios que não violam tecnicamente os procedimentos devidos;

Filibuster, noun
1. The use of obstructive tactics, such as prolonged speaking, by a member of a legislative assembly to prevent the adoption of measure or to force a decision, in a way that does not technically contravene the required procedures;

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