por David Areias, em 10.06.13
Mesmo fora do Governo, Miguel Relvas continua ainda hoje a conseguir destacar-se como um ministro, além de comprometido, fraco, fraco, fraco.
Percebemos pelo seu discurso de despedida que nenhum dos seus feitos tem realmente que ver com a governação, mas apenas com trazer Paços Coelho à governação. Ainda assim, a reorganização do poder local teria ficado como um dos seus legados às gerações vindouras. A ambição não tinha paralelo, partia de um modelo de organização esgotado para uma reestruturação completa. Extinguiam-se governos civis, fundiam-se freguesias e criavam-se comunidades intermunicipais. Nunca mais o país seria o mesmo.
Parece que não.
Ter-se-ia agradecido a extinção dos governos civis, se fosse o começo de um processo maior e coerente de reorganização do território. Como acto isolado, não passa de exéquias fúnebres de instituições criadas com um prazo de validade há muito expirado.
Ter-se-ia agradecido a fusão de freguesias, se fosse o resultado de uma vontade das populações e se atingisse em especial as áreas urbanas. Entre as pressões da troika e dos autarcas, o que se logrou foi a extinção de freguesias rurais, ou seja, uma poupança ridícula e o abandono das populações mais vulneráveis do nosso território.
Ter-se-ia agradecido a criação das comunidades intermunicipais, não fosse mais um reflexo da completa desorientação quanto à forma de organização do poder entre os níveis local e central. Tal a desorientação que a reforma não escapou à atenção do Presidente da República (que é a que se sabe) e ao juízo de inconstitucionalidade unânime do Tribunal Constitucional (esses malvados).
De Miguel Relvas nada fica de bom. Felizmente, fica agora menos de mau.
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