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Uma das questões que mais me assusta nesta crise é a descrença relativamente aos políticos e o que isso representa de descrença no sistema democrático.
Bem sei que há todo o tipo de maus exemplos que proliferam nos meios politicos: os vícios, a endogamia, o facto de a motivação da maioria das pessoas disponíveis para exercer cargos políticos não ser o interesse na causa pública, só para nomear alguns.
Contudo, uma pulsão violenta domina-me de cada vez que ouço alguém, normalmente pessoas cuja vida não é minimamente imaculada do ponto de vista do cumprimento dos deveres cívicos, fiscais ou mesmo para com os seus semelhantes, dizer que o povo até é bom, mas os políticos são todos maus. Como se os políticos não viessem dessa massa ou fosse uma questão de azar esta coisa de nos calhar na rifa uns cretinos quando o povo é tão bom.
Apesar de perceber muito bem que as pessoas não se sintam atraídas pela vida pública, não só mas também pelo que isso representa em potência de se ser enxovalhado em praça pública, acredito que cada povo tem políticos à sua imagem.
Cabe ao povo definir o que pretende que os seus políticos sejam. Compete a cada um de nós demonstrar, não apenas em atos eleitorais, o que pretendemos ver defendido pelos nossos políticos. Infelizmente, para a grande massa, sempre foi infinitamente mais fácil obedecer do que lidar com as escolhas e a responsabilidade da liberdade. E, neste momento, uma dormência mental ajuda a que o peso das dinâmicas de sobrevivência de cada um seja entorpecedor de uma cidadania ativa, para a qual nunca fomos realmente educados.
Partilho uma ideia de democracia direta que, não sendo de todo inovadora no mundo, me parece reunir os requisitos no sentido de mudar o estado desta relação desavinda.
Os deputados da República deviam ter gabinetes de atendimento aos cidadãos. Já sabemos que existem mil e uma formas e canais de chegar aos ditos, desde as audiências às petições. Mas claramente não têm funcionado como desbloqueador desta distância que se estabeleceu entre os políticos e o povo. Há sistemas políticos em que constitui uma obrigação para os titulares de alguns cargos políticos a existência de tais locais de atendimento. Para além do que representaria em termos de uma tentativa real de resolver problemas concretos das pessoas, seria uma forma de os deputados sentirem o pulsar dos seus concidadãos.
Faria diferença?
Eu acho que sim.
Stéphane Hessel morreu ontem com 95 anos. Deixou-nos um apelo para que não nos resignemos, para que lutemos por uma sociedade mais justa e igual. Eu continuarei a indignar-me contra a injustiça e contra uma sociedade dominada por elites que "domam" as nações a seu bel-prazer. Continuarei a indignar-me e a agir contra as inevitabilidades que nos castram a felicidade e os sonhos e que nos impede de nos realizarmos enquanto pessoas e cidadãos.
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